Alfabetização precoce
por Rosely Sayão
O pai de um garoto de dois anos conta que o filho já sabe o nome de quase todas as cores e também contar até doze, tudo ensinado por ele e pela mãe. O próximo passo será ensiná-lo a escrever o nome. A mãe de uma menina de quatro anos está aflita porque teve de matricular a filha em uma escola mais em conta neste ano, que não pede lição de casa nem ensina a ler e a escrever algumas palavras, como a anterior. Ela acredita que a filha irá regredir nos estudos.
Muitos pais de filhos com menos de seis anos andam afoitos para que estes se iniciem nas letras e nos números, aprendam conteúdos específicos na escola, tenham acesso a outra língua etc. Estudos mostram que essas crianças têm alta capacidade de aprender.
Muitas escolas, atentas a esse anseio, passaram a ofertar estímulos para a alfabetização precoce. Os pais, em geral, ficam satisfeitos com esse procedimento e orgulhosos das conquistas dos filhos. Mas essa atitude é boa para as crianças?
Nossa reflexão a esse respeito não pode se basear em estudos sobre vantagens e desvantagens da alfabetização antes dos seis anos. Tal discussão está posta há tempos e não permite conclusão, já que especialistas se dividem em posições opostas e se fundamentam em pesquisas científicas. Talvez o melhor caminho seja pensar em alguns efeitos da introdução precoce da leitura e da escrita.
O primeiro deles é que um bom número dessas crianças não aprende as letras e passa a apresentar o que se convencionou chamar de dificuldade de aprendizagem. Pasmem: muitos médicos têm recebido pais torturados cujos filhos com três, quatro ou cinco anos não acompanham os colegas em tal aprendizado.
Esse fenômeno ocorre porque nem toda criança se interessa por aprender a ler e a escrever o nome dos colegas ou simplesmente não está pronta para enfrentar o processo de alfabetização. Como a escola, em geral, não tem metodologia para lidar com grupos de alunos com diferenças de ritmos e de maturidade entre si, acaba por tratar a média como norma. Assim, crianças que não se situam nessa média costumam ser suspeitas de apresentar algum distúrbio de aprendizagem.
O segundo efeito da alfabetização precoce é que ela contribui para o desaparecimento da infância. Que crianças pequenas já carreguem grande parte do peso do mundo adulto porque não conseguimos mais protegê-las dele é fato. Mas colocá-las intencionalmente nesse mundo é bem diferente.
Até os seis anos, o mais importante é brincar livremente para desfrutar o que pode da primeira infância, que dura tão pouco. Claro que algumas se interessarão pelas letras espontaneamente. Que isso seja tratado como brincadeira, então. Acelerar a aprendizagem na esperança de uma melhor formação para o futuro é ilusão e equívoco de nossa parte.
Cabe aos pais e às escolas a defesa intransigente do direito que a criança tem de ter infância, já que tudo o mais conspira para o desaparecimento dessa fase. Nossas escolhas mostram se realizamos isso ou não.
12 comentários:
Fláaaa, me ensina como vc baixou as receitas saudaveis da Lu???
Não consigo de jeito nenhum :-(
Super obrigada, Ká
Apoiado!!!! o Daniel se interessou pelas letras muito cedo, e aprendeu a ler sozinho aos 5 anos. Apeasr disso, nunca 'pulou' ano na pré-secola e fez tudo do jeito convencional. Já o Leandro nunca deu bola pra nada disso, só queria jogar futebol. Os dois forma bem sucedidos da escola e hoje são profissionais competentes e valorizados em sua área...
Sou suspeitérrima... já que vivo atrasando meu Pedroco na escola... rs
Pata
Eu este ano mudei minha filha de escola, pelo fato dela só ter aulas e não brincar, era de aula de inglês,informática, ciências, etc e brincar mesmo, ela chegava em casa super irritada, depois que mudamos ela brinca todos os dias no parque da escola, tem menos aulas e chega em casa de bom humor, foi ótimo.
Ela só tem 4 anos e acho que qdo realmente chegar a hora de ter essas aulas, não vai render como deveria.
Bjs
Olha Flavia, eu confesso que como mãe d eprimeira viagem, no início da vida escolar da Bia eu ficava triste dela não trazer dever pra casa. Depois percebi que o dever é mais pros pais que pras crianças. Eu me sentia mais participante na educação dela, pode uma coisa dessas?
Hoje o que mais me emociona é vê-la interessada nas historinhas, coisa que nunca teve paciência pra escutar. Efeito da escola com certeza!
Beijso!
Oi Flávia!!! Me deixa um e-mail seu pra eu mandar o convitinho???
Beijocas!
Nossa, eu ivi exatamente isso. Qdo mudamos p/ Friburgo, o Edu tinha acabado de completar três anos, e a nova escola já trabalhava com letrinhas e números. Algumas crinaças já eram capazes de escrever seus nomes. No ano seguinte, ele já devia escrever o seu nome e de seus olegas de turma. Ele acabou aprendendo, mas acha tudo muito chato. Dizia que não gostava letras, que queria inventar o seu próprio jeito de escrever, etc... Resultado, fui chamada na escola, pq o Edu tinha dificuldade de concentração...rs. Era super difícil conceguir que ele terminasse o dever, e eu confesso que tinha pena, achava ele muito imaturo para aquelas exigências.
Tudo mudou no jardim 3, qdo ele estava prestes a completar 5 anos. A professora era excelente e ele já estava mais maduro. Aprendeu a ler rapidinho, super interessado e feliz. Agora eu pergunto: Pra que fazer o garoto passar por tudo aquilo aos 3/4 anos? Quase que fez o menino ficar com trauma de estudo e letramento...
concordo e minha filha só deve começar a ler aos 6/7 anos de acordo com a escola dela...o importante é ser confiante na escola e no ensino e deixar que no tempo certo ela comece a dar seus primeiros passos na escrita. Outra coisa que faço é não comparar com amiguinhos cujas ma~es dizem o meu faz isso, o meu aquilo...
acho q vai de crianca para crianca...e estimular eh uma coisa ne? forcar eh outra, tem gente q acaba forcando um pouco e ai acho q pode prejudicar..cada coisa ao seu tempo!
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bjs
Nossa, eu ivi exatamente isso. Qdo mudamos p/ Friburgo, o Edu tinha acabado de completar três anos, e a nova escola já trabalhava com letrinhas e números. Algumas crinaças já eram capazes de escrever seus nomes. No ano seguinte, ele já devia escrever o seu nome e de seus olegas de turma. Ele acabou aprendendo, mas acha tudo muito chato. Dizia que não gostava letras, que queria inventar o seu próprio jeito de escrever, etc... Resultado, fui chamada na escola, pq o Edu tinha dificuldade de concentração...rs. Era super difícil conceguir que ele terminasse o dever, e eu confesso que tinha pena, achava ele muito imaturo para aquelas exigências.
Tudo mudou no jardim 3, qdo ele estava prestes a completar 5 anos. A professora era excelente e ele já estava mais maduro. Aprendeu a ler rapidinho, super interessado e feliz. Agora eu pergunto: Pra que fazer o garoto passar por tudo aquilo aos 3/4 anos? Quase que fez o menino ficar com trauma de estudo e letramento...
Olha Flavia, eu confesso que como mãe d eprimeira viagem, no início da vida escolar da Bia eu ficava triste dela não trazer dever pra casa. Depois percebi que o dever é mais pros pais que pras crianças. Eu me sentia mais participante na educação dela, pode uma coisa dessas?
Hoje o que mais me emociona é vê-la interessada nas historinhas, coisa que nunca teve paciência pra escutar. Efeito da escola com certeza!
Beijso!
Fláaaa, me ensina como vc baixou as receitas saudaveis da Lu???
Não consigo de jeito nenhum :-(
Super obrigada, Ká
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